Uma nova promessa para o tratamento da síndrome metabólica vem chamando atenção de médicos, pacientes e da mídia: a Tirzepatida, medicamento aprovado para diabetes tipo 2 e já em uso para obesidade em diversos países, incluindo o Brasil.
Mas, afinal, o que ela tem de tão especial — e até onde vai sua segurança?
Segundo a nefrologista Dra. Fabiana Caviquioli, que tem mais de 20 anos de experiência no tratamento de pacientes críticos, a empolgação precisa vir acompanhada de cautela.
“A síndrome metabólica afeta 1 em cada 4 brasileiros. É como uma bomba-relógio: excesso de gordura abdominal, glicemia alterada, pressão alta, triglicerídeos e colesterol desregulados. A Tirzepatida chegou prometendo ser o desarmador dessa bomba… mas será que é seguro?”, questiona.
A médica explica a atuação do medicamento com uma analogia prática: imagine o metabolismo como um avião desgovernado. A Tirzepatida atua como dois pilotos experientes na cabine — o GLP-1 e o GIP — que juntos ajudam a estabilizar o voo. O primeiro controla o apetite e melhora a liberação de insulina. O segundo potencializa a queima de gordura e a sensibilidade à insulina.
Os resultados são mesmo impressionantes. Em estudos clínicos publicados na New England Journal of Medicine, a Tirzepatida demonstrou até 22% de perda de peso em pacientes com obesidade, além de uma redução significativa da hemoglobina glicada — marcador essencial no controle do diabetes.
“É como tirar o avião de uma tempestade e colocá-lo em céu azul”, diz a Dra. Fabiana.
Além disso, os dados mostram redução de até 20% no risco de infarto e AVC, além de benefícios renais importantes, especialmente em pacientes com nefropatia diabética.
Mas, como toda tecnologia avançada, ela exige critério.
“A Tirzepatida não é uma bala mágica. É como tentar decolar com um avião de última geração, mas sem fazer a inspeção pré-voo. Tudo precisa estar checado: função renal, vitaminas, imunidade…”, alerta a médica.
Os efeitos colaterais, embora geralmente leves, existem: náuseas, fadiga, constipação, boca seca, entre outros. E há contraindicações importantes, como histórico de câncer de tireoide, pancreatite, gastroparesia severa, insuficiência renal grave, gravidez e amamentação.
Por isso, o uso do medicamento requer acompanhamento médico especializado.
“Você precisa de um profissional que entenda de metabolismo, que saiba monitorar efeitos colaterais, ajustar doses e interpretar exames. Não é receita de bolo — é medicina personalizada”, reforça.
A recomendação da Dra. Fabiana é clara: a Tirzepatida pode ser uma aliada poderosa para quem sofre com obesidade e desregulação metabólica, mas só quando usada com critério, responsabilidade e visão integrativa do paciente.
“Na medicina existe ciência, cuidado e individualização. Sua saúde não é um experimento. É ciência aplicada com responsabilidade.”