Você já tentou de tudo para emagrecer: dieta, academia, suplementos, e mesmo assim sente que o corpo não responde? Pior: às vezes perde alguns quilos, mas logo depois tudo trava. Se essa sensação é familiar, saiba que você não está sozinho. E mais, não é preguiça, falta de disciplina ou “mente fraca”. Muitas vezes o problema está no seu metabolismo e ele pode estar pedindo ajuda.
“O metabolismo é como o motor de um carro. Ele transforma o combustível – que no nosso caso são os alimentos – em energia. Mas se esse motor está desregulado, ele não funciona bem”, explica a nefrologista Dra. Fabiana Caviquioli, que tem mais de 20 anos de experiência com pacientes em estado crítico e hoje atua com uma abordagem mais ampla e integrativa no consultório.
Quando o corpo entra em “modo armazenamento”
Um dos principais sabotadores do emagrecimento é a chamada resistência à insulina, condição cada vez mais comum, inclusive em pessoas jovens e aparentemente saudáveis. A insulina é um hormônio responsável por ajudar a glicose (o açúcar do sangue) a entrar nas células, onde será usada como energia.
“Quando você tem resistência à insulina, essas ‘portas’ não abrem direito. O corpo tenta compensar produzindo cada vez mais insulina. E o resultado é o acúmulo de gordura, especialmente na região abdominal”, explica a médica.
“É como se o seu corpo estivesse sempre em modo de armazenamento, mesmo quando você está fazendo tudo certo.”
Estudos indicam que cerca de 25% a 40% dos adultos brasileiros já apresentam algum grau de resistência à insulina, muitas vezes sem saber. Essa condição não causa apenas dificuldade para emagrecer: também pode levar ao desenvolvimento de pré-diabetes, diabetes tipo 2, hipertensão e outras complicações cardiovasculares.
Cansaço, insônia e dificuldade para perder peso não são “drama”. Segundo a Dra. Fabiana, é comum que pacientes relatem fadiga constante, dificuldade para dormir, inchaço, irritabilidade e sensação de que o corpo “não funciona como antes”.
“Tudo o que você sente é real. Esses sintomas não são coisa da sua cabeça. Podem ser sinais de deficiências de vitaminas, desequilíbrios hormonais ou desregulação metabólica. E se a causa não for investigada, o paciente só vai se frustrar tentando soluções genéricas que não funcionam para ele.”
Mesmo com acesso a dietas, aplicativos e treinos, muitas pessoas não conseguem emagrecer de forma consistente porque não avaliam o que está por trás do ganho de peso: como está o sono? E o intestino? A vitamina D? A função da tireoide? Existe inflamação silenciosa?
A medicina atual já reconhece que o emagrecimento saudável vai além de calorias ingeridas e gastas. Estudos mostram que, mesmo com dietas idênticas, indivíduos com perfis metabólicos diferentes tiveram respostas muito distintas em perda de peso, saciedade e controle glicêmico. Ou seja: cada corpo responde de um jeito.
“Sem entender como o seu metabolismo funciona, fica muito difícil alcançar os resultados que você deseja”, reforça Dra. Fabiana.
O primeiro passo? Parar de se culpar — e começar a investigar
Em vez de seguir a próxima dieta da moda, o ideal é fazer uma avaliação médica completa, com exames, escuta ativa e um plano individualizado.
“Não ignore os sinais que o seu corpo está dando. Eles são reais e podem ser corrigidos com a abordagem certa”, diz a médica.
E ela conclui com um lembrete importante: “Emagrecer não é só perder peso. É recuperar energia, autoestima, disposição e saúde. Isso começa com cuidado real e não com fórmulas copiadas.”